FORMAÇÃO CIENTÍFICA CIDADÃ PARA INCLUSÃO SOCIAL & AMPLIAÇÃO DAS OPORTUNIDADES DE GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA PELA ECONOMIA SOLIDÁRIA E TECNOLOGIA SOCIAL
Ricardo T. Neder 1
Introdução
Tem sido apontado e defendido à exaustão que a universidade não é uma organização social passível de operar como uma entidade governamental, ou não-governamental e semelhante (CHAUÍ,1999, TRINDADE, 1999; CATANI e OLIVEIRA, 1999).
Logo, questões comerciais relacionadas a patentes e direitos de propriedade intelectual (moeda para trocas da universidade com empresários inovacionistas quando tem interesse em direitos de exploração ou propriedade industrial) não podem ser consideradas o paradigma de mudanças para a universidade brasileira em suas vinculações com a sociedade.
Fazer esta redução será negar a própria natureza da universidade como instituição social criada e gerida para objetivos que se aplicam à totalidade ou universalidade dos pobres e ricos, incluídos e excluídos da sociedade. A falsa questão de inserir na universidade um ethos de empreendedorismo pela via de reduzir a universidade às configurações do inovacionismo baseado nas tecnociências não nos faz avançar uma resposta alternativa para as necessidades urgentes de formação científica da nossa população jovem.
Para ser ainda mais diretos na formulação do problema, os que estão no campo das tecnociências não discutem mudança social decorrente das vinculações entre tecnologia e ampliação das desigualdades. Como sabemos, devido à potencialização da tecnologia contemporânea, estas vinculações são amplificadas ao extremo, e para compreendê-las não bastam as teorias da administração e negócios.
1. (*) Coordenador do Núcleo de Política Cientifica, Tecnológica & Sociedade – NPCTS – Altos Estudos CEAM e do grupo de pesquisa OBMTS – OBSERVATÓRIO DO MOVIMENTO PELA TECNOLOGIA SOCIAL NA AMÉRICA LATINA – UNB é um grupo de trabalho (CNPq/UnB) projeto de pesquisa-ação e ensino com o objetivo de criar um espaço acadêmico teórico para abrigar atividades discentes e docentes vinculadas aos Estudos CTS – Ciência Tecnologia Sociedade com base na Teoria da Adequação Sociotécnica. Tem trabalhado na formação de alunos e pesquisadores, profissionais e lideranças comunitárias com demandas sociais por soluções sociotécnicas, em parceria com entidades civis e governamentais para fomentar a avaliação sistemática de experiências populares, comunitárias e de políticas públicas segundo os princípios do movimento pela tecnologia social. (Coord. Ricardo Toledo Neder e integrante do coletivo gestor do Núcleo de Política CTS – Ciência, Tecnologia, Sociedade – NP+CTS do CEAM – Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares – Reitoria da UnB).